Bet com t mudo

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BET COM T MUDO... Quem me conhece, reconhece? Já me imagino receptora deste blog. Quem é esta mulher? Quem é esta Eli, Elisa, Betina, Betuska, Betî, resumida numa Bet com t mudo? Esta afirmação diminuta diz (ou desdiz?) uma identidade... Assim, quem sou eu? Sou (sim) uma idealizadora das pessoas, das relações, das amizades, das produções minhas e dos outros. Consequência: um sofrimento que perdura... na mulher crítica que procura saber e tomar consciência finalmente de quem é e do que ainda pode fazer (renascer?!) nesta fase da vida, um envelhecimento em caráter de antecipação do inevitável. Daí a justificativa do blog. Percorrer olhares, visualizar controvérsias, pôr e contrapor, depositar num receptor imaginário (despojá-lo do ideal, já que eu o sou!) uma escrita em que o discurso poderá trazer uma Bet com t falante... LEITURAS, ESCRITAS, SIGNATURAS...

quinta-feira, 4 de abril de 2019

A computação eletrônica e o domínio de seu uso


A vida em sociedade deste século XXI não consegue prescindir de dispositivos de computação eletrônica. Computadores, tablets, celulares, ficam cada vez mais atraentes, práticos e acessíveis. Sua evolução é inimaginável em possibilidades de uso e apresentação.



Desenvolvidos desde o século passado, são ferramentas essenciais para o conhecimento, a interação e a informação e nos tornaram praticamente dependentes da tecnologia digital e da necessidade de uma educação nesse sentido. Começa-se pelo domínio de um vocabulário terminológico em língua inglesa, requisito básico da universalidade de sua compreensão.

Para a comunicação entre o homem e a máquina, foram desenvolvidas interfaces, a do hardware e a do software, necessárias à interação das linguagens de programação. São emissores e receptores mediados por códigos e sistemas, um mundo vasto e complexo, dinâmico e interativo, retroalimentado e retroalimentando-se constantemente.

A interface de software é a principal responsável em proporcionar a tradução intersemiótica, ou seja, a tradução em outros sistemas de símbolos não verbais, como a linguagem de uma máquina para uma linguagem humana. É o código que diz o que a máquina deve fazer e, consequentemente, interfere no comportamento de interação do usuário.

Um exemplo: se estou na fila do autoatendimento de um banco para sacar dinheiro e, inesperadamente, aparece na tela da máquina que eu preciso me dirigir a outro terminal para sacar, significa dizer que um não humano (coisa/objeto) gerou uma ação para um humano realizar. Isso foi possível graças ao código que, rapidamente, sobrepondo interfaces, fez uma leitura de, pelo menos, parte do contexto e comunicou o que e como fazer.

Autômatos, fazemos o que a máquina manda. E aí entram os algoritmos - códigos numéricos que regem o funcionamento do sistema - que não respondem à pergunta “o que fazer?” mas, sim, a “como fazer?” Semelhante a um tutorial passo a passo, seguimos procedimentos ordenados para alcançar o que desejamos ou para abrir “links” que nos encaminham a seus derivados e interesses, numa geração quase infinita de possibilidades. Observem as propagandas que aparecem em seus dispositivos eletrônicos, como se adivinhassem nossos desejos e alcance de consumo.

Diante desse “automatismo”, precisamos, urgentemente de uma alfabetização algorítmica em todos os níveis da educação. Pierre Lévy, filósofo referência nesta área, afirma que a inteligência humana evolui graças à tecnologia e que essa é, essencialmente, linguagem. Assim, é preciso dominar essa linguagem para contribuir e potencializar a inteligência coletiva, algo que precisa ser construído e não algo que se deve apenas observar. Temos um conhecimento cumulativo, que sempre vai criar algo novo. O fundamental é, pois, aumentar a capacidade cognitiva, aumentar a reflexão e estar mais cientes da forma como nos comunicamos.

A questão, neste momento, é que o domínio dessa linguagem é exclusivo de poucos, e não podemos nos limitar a ser, apenas, seguidores autômatos. Por isto o desafio de nos tornamos também criadores. Comparemos este desafio com a invenção do alfabeto – um código - na história da humanidade. De simples usuários, o que muitos ainda são, tornamo-nos criadores de vários outros códigos, inclusive os da comunicação algorítmica. Mas a mudança de status - usuários para criadores - leva tempo e muito esforço.

A rede mundial de computadores, Internet e Web, a interface gráfica da rede, é algo tão poderoso que sequer conseguimos ter ideia do seu pleno alcance, tanto no presente, como para o futuro. Seja nas relações pessoais ou institucionais, se pensarmos nas pesquisas de uma forma mais geral, pensarmos também na política, na guerra, no desenvolvimento que desejamos, não podemos ficar à margem do bem e do mal entre o automatismo que vem se impondo e a alienação paulatina de nossa cognição.

Mais do que nunca é hora de ficarmos atentos com estas constatações, cobrar das escolas de nosso país, públicas ou particulares, não só uma educação tecnológica fundamental, mas também um olhar crítico sobre o uso dessa mesma tecnologia, de sua dinâmica e de nossa capacidade interativa e criadora.

Vivemos numa sociedade da informação e do conhecimento. Nessa realidade, constatamos também que o desenvolvimento e a Economia das nações se fundamentam muito mais no conhecimento de uma Economia de Dados, de informações substanciais até para o equilíbrio mundial, do que numa Economia basicamente de Mercado, como poderíamos achar correto até há pouco tempo.

Estamos preparados para isso?



Elisabet Gonçalves Moreira (colaboração de Cecílio Bastos) 

Petrolina,  abril de 2019

"nenhuma violação de direitos autorais pretendida".

11 comentários:

  1. Voce é mesmo surpreendente, Bete. Sua capacidade de desenvolver tema tão técnico com clareza e simplicidade, ao alcance até de uma "analfabeta digital" como eu.
    Concordo totalmente com vc e, acredito que caminhamos para superar os desafios que surgiram com o alucinante desenvolvimento do universo digital.

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    1. Obrigada desconhecida... por favor, identifique-se. E nos alfabetizamos nos meandros desta tecnologia...

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  2. Texto fantástico, Bet! Claro como água. Atuo (também) nessa área e vejo bem de perto a lentidão com que a educação caminha nessa direção, do aprendizado da linguagem tecnológica. Temos, em sala de aula, os alunos nativos dessa linguagem e que já chegam à escola com grande intimidade com aparelhos ultra modernos. A sua pergunta final é pra lá de pertinente, pois ela nos sugere, de modo geral, que não, não estamos preparados. E é muito triste ver professorxs afogadxs na burocracia das milhares de planilhas que têm para preencher, diariamente, consumindo seu tempo para aprender e ensinar algo tão caro, desafiador e atual quanto a linguagem tecnológica, digital e contemporânea.

    Obrigado por compartilhar seus pensamentos!

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    1. Querido Joedson, obrigada. Nossa, tudo que eu queria alcançar com este texto...

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  3. Texto alinhado ao tempo presente e suas complexidades. Era dos extremos. Era que carece de reflexões acerca dos monstros que impulsionam o ser humano a fuga ou ao encontro do insólito mundo das máquinas e suas alucinações programadas.

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    1. Complementando reflexões... vc levanta questões importantes, mais filosóficas. Meu texto tentou mirar o lado mais prático de lidar com a linguagem tecnológica. Como? Não tenho receita, mas questiono. Obrigada por seu comentário.

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    2. Achei super pertinentes, Bet. Sua visão é bem apropriada a nossa era. Na Alemanha as crianças são alfabetizadas no computador. Rompendo, assim, com a ludicidade das massinhas de modelagem. Ainda me assusta essa perspectiva alemã. Bjs.

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  4. Tecnologia que é linguagem e linguagem que é comunicação. Ensinai pois o tempo digital para que não nos falte amanhã a informação e o conhecimento desse admirável mundo novo. Beijos Bet falante.

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    1. Obrigada Carlos Laerte, vc está sempre atento... é isso mesmo. Não temos receita mas precisamos aprender.

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  5. Bom texto. Penso que um "alerta" é até obrigação de quem vê além da superfície, principalmente professores - de professar por vocação. Adiante, comadre. Bj.

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