Bet com t mudo

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BET COM T MUDO... Quem me conhece, reconhece? Já me imagino receptora deste blog. Quem é esta mulher? Quem é esta Eli, Elisa, Betina, Betuska, Betî, resumida numa Bet com t mudo? Esta afirmação diminuta diz (ou desdiz?) uma identidade... Assim, quem sou eu? Sou (sim) uma idealizadora das pessoas, das relações, das amizades, das produções minhas e dos outros. Consequência: um sofrimento que perdura... na mulher crítica que procura saber e tomar consciência finalmente de quem é e do que ainda pode fazer (renascer?!) nesta fase da vida, um envelhecimento em caráter de antecipação do inevitável. Daí a justificativa do blog. Percorrer olhares, visualizar controvérsias, pôr e contrapor, depositar num receptor imaginário (despojá-lo do ideal, já que eu o sou!) uma escrita em que o discurso poderá trazer uma Bet com t falante... LEITURAS, ESCRITAS, SIGNATURAS...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

"O colorido do mundo está em nós"

Frase de Israel Pedrosa, pintor, escritor, livreiro, professor, no seu livro "O universo da cor" (Editora Senac, 2003). E soube de sua morte em Niterói, neste carnaval de 2016.  Israel Pedrosa deixa um vácuo nas artes de nosso país, lembrado por lições inesquecíveis.
Tanto que Drummond, o poeta, relaciona cores, dizeres, essência, a partir do axioma "Da cor à cor inexistente", livro referência do artista. 
"Agradável é reabrir, de vez em quando, o envelope que trouxe a mensagem de boas-festas do pintor Israel Pedrosa. E, dentro, comprovar que a cor inexistente existe mesmo. Pelo que se conclui muitas outras coisas ditas inexistentes, lá um dia poderão também existir, e com isto se alcançará não apenas a essência da harmonia cromática, mas a própria essência da harmonia universal." Carlos Drummond de Andrade (Jornal do Brasil, 11/01/1975)

Na procura de coisas ditas, digo, não digo a essência,  minicontos coloridos, escritos a partir de um desafio numa oficina de escrita criativa... sim, o colorido do mundo está em nós...


Cor de sangue
Penélope escolhe as cores do seu destino. O fio azul real acabou. Mas lhe cai a seus pés um novelo vermelho vivo.

Cores a granel
Lucinha pintava e pintava. Não havia o que não pintasse. Cadernos e folhas, paredes, roupas, gente. Deliciosos giz pastel, secos e oleosos. Um dia engoliu tudinho. Ficou multicolorida.

Verde musgo
Carlito vagava pelo mato sem eira nem beira. Foi descansar ao pé de um grande jatobá. Dormiu e quando acordou  viu um pote de ouro a seu lado. Só entendeu sua sorte quando percebeu que dormira num campo de trevos de quatro folhas.


Íris cor de mel
Nos olhos de sua gata, Josie via seu reflexo. Ambas entravam no cio na lua cheia.

Cor de pele
Josué era um pintor figurativo. Nessa especialidade, fazia o retrato de seu filho em todos os aniversários. O mais difícil era conseguir o tom da pele que insistia em ficar diferente a cada ano, como um recado da impossibilidade. Até que, na adolescência, ele cansou. Pintou um abstrato.



 
 
 

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