Bet com t mudo

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BET COM T MUDO... Quem me conhece, reconhece? Já me imagino receptora deste blog. Quem é esta mulher? Quem é esta Eli, Elisa, Betina, Betuska, Betî, resumida numa Bet com t mudo? Esta afirmação diminuta diz (ou desdiz?) uma identidade... Assim, quem sou eu? Sou (sim) uma idealizadora das pessoas, das relações, das amizades, das produções minhas e dos outros. Consequência: um sofrimento que perdura... na mulher crítica que procura saber e tomar consciência finalmente de quem é e do que ainda pode fazer (renascer?!) nesta fase da vida, um envelhecimento em caráter de antecipação do inevitável. Daí a justificativa do blog. Percorrer olhares, visualizar controvérsias, pôr e contrapor, depositar num receptor imaginário (despojá-lo do ideal, já que eu o sou!) uma escrita em que o discurso poderá trazer uma Bet com t falante... LEITURAS, ESCRITAS, SIGNATURAS...

terça-feira, 2 de março de 2021

ESTAR OU FICAR EM CASA


Estar ou ficar em casa.

Não estou, disso bem sei.
Sei que fico
e me afinco
no propósito desta distância.

 
Do lugar de onde saí 
nunca mais voltei.
Às voltas com horas e dias.
 
Escrever poemas
Pular o muro deste reduto.
Nesta casa mal ajambrada
Sou eu mesma
Sem sutiã
Sem maquiagem
Disso também sei.
 
Como chocolates (ou cerejas)
previu Pessoa.
 
Não há fome de escolhas
              no tempo de espera.       (20/1/21)


LAR AMARGO LAR

Moro/habito/vivo

O lar vira casa

Apenas olhar de fora

O lar adentro

Se adensa.


Cortinas nas janelas

Abro/olho

Objetos tantos em desalinho

(Há até toalhas de linho lembranças de idos tempos)


Afagos que se foram

O que construí?

O que desabou?

Não há o que estranhar

Estou lá dentro para ficar...


Signagem

Seguir ou retroceder?

O mundo não se desvela.

Sigo em descaminhos vários.

.

Estar em casa

É quedar-se em quietude.

Estancam-se desafios

Procuram-se signos (ainda).

 

No limite do alerta dado

Onde tudo resta imóvel

Me perco na linguagem deste espaço.

 

Um pouco de um doce licor

Bebido pelo gargalo

E uma reescrita no aguardo...


 LOJA DE CONVENIÊNCIA

Foi nela que me perdi... tudo deveria funcionar, o atributo estava implícito no nome.

Convenientemente vestida, num final de tarde de dezembro, conhecendo e testando o significado, por certo aprenderia o valor de uma loja adjetivada, funcional.

Assim, ali me despi.  Nua, fiquei. Perguntaram o preço. Em liquidação, acabei na fila do caixa. Só não me embrulharam. Nada conveniente.

(27/2/1017)



9 comentários:

  1. Ferozes, Bet. Senti sua dor. Escrita está bela.

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    1. Minha querida filha, obrigada demais... é isso mesmo,ferocidade...

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  2. Nada mau ficar em casa quando se tem BET COM T MUDO para se ler!
    Liliana

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  3. Querida Liliana, nunca recebi um elogio como esse! Obrigada, sim, me estimula a escrever mais...

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  4. " O mundo não se desvela / Sigo em descaminhos vários... ". Bet com T mudo. Assim como eu em quietude me pergunto, se estando nesse mundo mas não sendo dele, o que me desvela o mesmo para que eu não me desencante e siga fluindo tal qual um rio? Seu poema Bet, me convida a lançar um olhar para essa colorida mandala existencial onde os dias e noites são apenas sinais dos ciclos que se registram. Para uns o caminho é suave , já para outros duro e explosivo. Seguir ou retroceder ? Eis o desafio.
    Amei essa sua poesia "Signagem". Gratidão por tão sábios escritos.

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  5. Reconhecida amiga Sidroniosa, agradecimentos renovados, você é uma leitora especial, vamos tentando desvelar caminhos e obstáculos.

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  6. Amiga Bet,o desafio é feroz.Entre o "estar" e o "ficar" a vida em descaminhos: escrever poemas, pular o muro das incertezas, ocupar o reduto da casa mal ajambrada, seguir ou retroceder?

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  7. Auxiliadora, questionamentos de um cotidiano que não esperávamos... dialética de uma espera. Obrigada pelo comentário

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  8. É que "ficar" tem sentido mais pesado, parecendo mais permanente. "Estar" é mais inquieto, mais temporal.

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