Bet com t mudo

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BET COM T MUDO... Quem me conhece, reconhece? Já me imagino receptora deste blog. Quem é esta mulher? Quem é esta Eli, Elisa, Betina, Betuska, Betî, resumida numa Bet com t mudo? Esta afirmação diminuta diz (ou desdiz?) uma identidade... Assim, quem sou eu? Sou (sim) uma idealizadora das pessoas, das relações, das amizades, das produções minhas e dos outros. Consequência: um sofrimento que perdura... na mulher crítica que procura saber e tomar consciência finalmente de quem é e do que ainda pode fazer (renascer?!) nesta fase da vida, um envelhecimento em caráter de antecipação do inevitável. Daí a justificativa do blog. Percorrer olhares, visualizar controvérsias, pôr e contrapor, depositar num receptor imaginário (despojá-lo do ideal, já que eu o sou!) uma escrita em que o discurso poderá trazer uma Bet com t falante... LEITURAS, ESCRITAS, SIGNATURAS...

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Uma imagem vale mais que mil palavras?!

 

Por estes dias, participando de um seminário de estudos sobre a Teoria do Imaginário, apresentamos um breve slide sobre a questão do tempo, um resumo a partir de Mircea Eliade (1907-1986)[1] em que a noção de illud tempus (o espaço-tempo-primordial onde se situa o ato fundador original...)  “deriva estreitamente da noção de sincronicidade junguiana.” Assim, o tempo do mito é um tempo “total”, onde está a “essência do sagrado”. Há um feedback entre o “tempo do mito” e o “tempo da história.”

O sentido está na relação, na complexidade, e não na mera sucessão diacrônica. Parece complicado, talvez seja mesmo... mas a gente embrenha, aprofunda, impulsiona...

O conceito ou a essência em que se justifica, ou em que se move a sincronicidade, vem me desafiando e não é de hoje. E, na síntese dos estudos, encontro a figura referência da espiral, descartando o mito do tempo como de “eterno retorno”, um círculo: “...para ficarmos nas figuras geométricas, seria mais uma leitura espiralada (...) Espiralado, ele “repassa”, mas em outro nível, e não tem nada de repetitivo”.

Assim, surge a imagem metafórica e polissêmica de uma espiral e há várias maneiras de a vermos. Num primeiro momento, peguei esta foto, um incenso espiralado.

A espiral é um símbolo de evolução e de movimento ascendente e progressivo, normalmente positivo, auspicioso e construtivo, sobretudo na sua forma. Enquanto plana, a espiral pode ter associado o movimento de evolução e de involução. Na sua versão de espiral dupla, traduz o todo, a união dos contrários, o nascimento e a morte.

A forma da espiral é encontrada em todas as culturas e traduz um movimento ascendente de evolução a partir de um ponto inicial, o que pode até ser associado com a própria progressão da existência. Assim como a vida, a espiral helicoidal projeta-se para o infinito e aparentemente não tem fim.

A espiral é, pois, a imagem que, para mim (e no texto dado) mais completa a ideia da sincronicidade, do tempo mítico e existencial. No entanto, nestes estudos, me deparo com uma imagem que, quase epifânica, mais iluminou do que ilustrou esse jogo complexo e desafiador.[2]


“Wonder” (“Maravilha”) escultura do artista Tom Lawton

 https://www.thisiscolossal.com/2022/10/tom-lawton-wonder-sculpture/

No link dado, vocês podem obter mais imagens e explicações. De todo modo, coloco algumas aqui. E mais este link da página do autor https://beuplifted.co.uk/

“Em cima de um toca-discos de alumínio, uma escultura em espiral do artista britânico Tom Lawton traduz um conceito matemático simples em uma dança hipnótica. “ Maravilha ” ou “Wonder” em inglês é um trabalho de cobre elegante de torções arredondadas baseado nem uma forma circular com um buraco no meio. O design de Lawton gira em torno de um eixo central imaginado, criando um movimento orgânico contínuo impulsionado por um motor elétrico. “Wonder” é composto por uma única estrutura autoportante em forma de fita, feita em metal precioso, que parece fluir como água enquanto espirala para cima e para baixo, expandindo para fora e contraindo. Como um círculo em espiral. Como uma roda dentro de uma roda. Wonder é uma escultura em movimento meditativa que mostra como tudo está interconectado. (grifos meus).

Retomando ditos e escritos: “O mito irriga a história, ele dá um sentido, uma estrutura, ao que seria apenas uma acumulação insignificante de eventos (...) E assim como o mito irriga a história, a história dá uma carne, um corpo, uma respiração ao mito, que se encarna e que se deixa ver nela (...) Em movimento contínuo, ligado ao vivente, por meio da dialética da hierofania, o profano se transforma em sagrado, e a dessacralização retransforma o sagrado em profano.” (Rocha Pitta, p. 56)

Outras falas poderiam vir, mas finalizar lembrando que os ritos - ou a literatura ou a arte - são capazes de nos iniciar nestes mistérios... Assim, como a leitura de uma imagem - a espiral - pode nos iluminar nesta fugaz compreensão da sincronicidade – tempo mítico e simbólico do passado, presente e futuro - e de nós mesmos, viventes.

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[1] Rocha Pitta, Danielle Perin. Iniciação à teoria do imaginário de Gilbert Durand/, 2ª ed. Curitiba: CRV, 2017, p. 54-62.

[2] Esclarecendo: recebo, quase cotidianamente, postagens do sítio (site) www.thisis.colossal. “Colossal” é um blog de arte e cultura visual fundado por Christopher Jobson, editor de Chicago e abrange tópicos que vão desde arte, design e fotografia até aspectos visuais da ciência e criatividade geral.

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Referência bibliográfica:

Rocha Pitta, Danielle Perin. Iniciação à teoria do imaginário de Gilbert Durand. 2ª ed. Curitiba: CRV, 2017

Elisabet G. Moreira

Petrolina, 31/10/22



3 comentários:

  1. Algumas pessoas têm reclamado que não estão conseguindo postar comentários aqui... tentei viabilizar isso em configurações. Assim, por favor, quando quiserem, façam o teste e... comentem... Muito obrigada.

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