Bet com t mudo

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BET COM T MUDO... Quem me conhece, reconhece? Já me imagino receptora deste blog. Quem é esta mulher? Quem é esta Eli, Elisa, Betina, Betuska, Betî, resumida numa Bet com t mudo? Esta afirmação diminuta diz (ou desdiz?) uma identidade... Assim, quem sou eu? Sou (sim) uma idealizadora das pessoas, das relações, das amizades, das produções minhas e dos outros. Consequência: um sofrimento que perdura... na mulher crítica que procura saber e tomar consciência finalmente de quem é e do que ainda pode fazer (renascer?!) nesta fase da vida, um envelhecimento em caráter de antecipação do inevitável. Daí a justificativa do blog. Percorrer olhares, visualizar controvérsias, pôr e contrapor, depositar num receptor imaginário (despojá-lo do ideal, já que eu o sou!) uma escrita em que o discurso poderá trazer uma Bet com t falante... LEITURAS, ESCRITAS, SIGNATURAS...

domingo, 25 de setembro de 2016

Retomando falas...


SIGNIFICÂNCIAS...

Significados adquiridos em especiais circunstâncias... Sete décadas de vida completei e um ano especial este que corre, decorre:  2016, pensando no privilégio de ser e estar também na segunda década do século XXI, eu que nasci no século passado... Até minha neta de 16 anos, é do século passado! Como isso parece pesar,  ah, o tempo... como não falar dele?

Aconteceram tantos fatos, acontecem, como uma festa de aniversário, um tempo de reunião em que tenho coragem para afirmar: estou sã e salva. E exibida desta condição... como num grande facebook ao vivo. (Que se danem os críticos e os invejosos!)

Sim, porque eu me curei de muitos medos que me atravancaram o cotidiano de menina, de moça, depois profissional e mulher que se esforçava para mostrar – não para si mesma! – mas para os outros que eu não só era capaz, como fazia... Isso não é um arremedo de autoajuda, apenas a constatação privilegiada de uma aprendizagem: o envelhecimento está me tornando sábia... não a intelectual sabida, mas uma pessoa se tornando gente, sem os excessos da crítica e de exigências. Apaziguando dores passadas, entendendo passagens...

Poderia elencar tópicos desta aprendizagem, sobretudo a generosidade, aqui aprendida neste Nordeste e nestas margens onde cheguei há exatamente 40 anos, casada com um homem também generoso de amor. Mas esqueceria outros que podem ser apreciados...
Por isso vou elencar fatos: alguns deles me levaram a este “balanço” de um setembro petrolinense:

- Fui homenageada no III Clisertão, um reconhecimento que me assusta até hoje: eu merecia realmente esta homenagem? Mais um exemplo de generosidade, de ex-alunos, como Genivaldo. E, por isso, relevante foi o painel chamado de expografia, que Thom Galiano planejou e conseguiu executar, me conhecendo pouco a pouco. 

- Terminei a tradução do livro de minha amiga francesa Veronique Bulteau, “Para uma antropologia do sertão”; consegui editar o livro impresso, divulguei, apresentei e ainda fiz o prefácio, já que Vero assim me pediu. E o Clisertão foi vivido, vivenciado plenamente, até mesmo finalmente conhecer Caititu, nos limites de Petrolina.

- Falando em prefácios:  redigi para Romilda e Thom, para livros inéditos que aguardamos e uma apresentação para a exposição dos desenhos de André Vítor Brandão, ainda no SESC. Exercícios de leitura e escrita. Até fiz alguns desenhos ilustrativos para os poemas de Thom, um outro desafio.

- Também consegui colocar virtualmente meu blog: www.betcomtmudo.com.br , depois de cinco anos, mas, confesso que, neste caso, estou questionando continuidades. Bom, não vem ao caso agora... vou continuar pensando depois.

- E a estreia em palco: fui atriz na peça O Terceiro Sinal, representando literalmente uma atriz de teatro. Quem assistiu, pôde ver esta performance que já se delineava há muitos anos, desde salas de aula, no conhecimento e interpretação de textos... A apresentação da peça foi o resultado de um formidável trabalho de equipe, em que aprendi mais ainda sobre a vida. À nossa trupe, deixo um agradecimento generoso também. Aplausos.

Por essas e outras é que, nesta alegoria de minha comemoração, no outono de minha vida, tomei como tema uma “deixa” de minha filha Juliana, “nunca é tarde para se reinventar, para se divertir”. Na compreensão desta frase otimista, é que me sinto também “salva”... Amanhã, se preciso for, me reinvento...

Aniversários e comemorações, mais do que nunca, hoje têm lembranças para os que vieram... Idealizei pequenos panôs que fiz um a um manualmente... qual o significado disso? Gosto muito de desenhar, de pintar, de trabalhos manuais. Tenho muitos livros e a internet para me inspirar. Então fiz lembrancinhas com muito carinho, usando várias técnicas, me inspirando e, a cada uma que fazia, me sentindo feliz e... generosa. Podem até não gostar, mas quis fazer este registro e deixar, para amigos um trabalho meu. Não é despedida, é lembrança.

Assim, em vez de engordar, já que tinha todos os quilos além da conta em remédios também além da conta, de mazelas como diabetes, artrose e o escambau, estou emagrecendo num outro patamar de consciência, de que escolho e simbolizo minhas dores passadas e atuais, e que o inevitável -  pois virá - me deixa tranquila e segura.

Espero que chegue a todos a generosidade deste obrigada, porque vem de um coração mais generoso também... 

Petrolina, 10 de setembro de 2016
Elisabet Gonçalves Moreira