Bet com t mudo

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BET COM T MUDO... Quem me conhece, reconhece? Já me imagino receptora deste blog. Quem é esta mulher? Quem é esta Eli, Elisa, Betina, Betuska, Betî, resumida numa Bet com t mudo? Esta afirmação diminuta diz (ou desdiz?) uma identidade... Assim, quem sou eu? Sou (sim) uma idealizadora das pessoas, das relações, das amizades, das produções minhas e dos outros. Consequência: um sofrimento que perdura... na mulher crítica que procura saber e tomar consciência finalmente de quem é e do que ainda pode fazer (renascer?!) nesta fase da vida, um envelhecimento em caráter de antecipação do inevitável. Daí a justificativa do blog. Percorrer olhares, visualizar controvérsias, pôr e contrapor, depositar num receptor imaginário (despojá-lo do ideal, já que eu o sou!) uma escrita em que o discurso poderá trazer uma Bet com t falante... LEITURAS, ESCRITAS, SIGNATURAS...

domingo, 14 de abril de 2024

SIMBOLISMO DE CONCHAS E PÉROLAS

 

Com a leitura esclarecedora do Capítulo IV, Observações sobre o simbolismo das conchas, do livro Imagens e Símbolos, de Mircea Eliade (São Paulo: Martins Fontes, 1996), também faço observações, um apanhado geral em que analiso, destaco e amplio exemplos.

Mircea Eliade inicia o capítulo com a afirmação: “As ostras, os mariscos, o caracol, a pérola são solidários tanto das cosmologias aquáticas como do simbolismo sexual.” (p. 123) Desse parágrafo inicial realço a seguinte observação “A crença nas virtudes mágicas das ostras e das conchas é encontrada no mundo inteiro, da pré-história aos tempos modernos.”

Assim, introduzo esta apresentação fazendo a leitura visual de três imagens. Poderia escolher muitas outras, mas essas são bem significativas para ilustrar, justificar e dialogar com o texto de Eliade.

Fig. 1. Nascimento de Vênus. Sandro Boticelli (1445-1510). Têmpera sobre tela, mede 172,5 cm de altura por 278,5 cm de largura. 1485–1486. A obra está exposta na Galleria degli Uffizi, em Firenzi (Florença), na Itália. 

Essa primeira imagem, o “Nascimento de Vênus” de Boticelli, uma das pinturas mais belas do renascimento italiano, corrobora o “simbolismo ginecológico e embriológico da pérola, formada na ostra”, afirmação ainda do primeiro parágrafo. Sem entrar em muitos detalhes, já que a pintura é pródiga em símbolos e em sua própria essência artística, temos, no centro da imagem, a figura de uma jovem mulher nua, “nascendo” de uma concha dentro das águas, analogia com a pérola, que “nasce” da ostra. Ela é a representação da deusa Vênus, ou Afrodite para os gregos, Deusa do amor, da beleza e da fertilidade, nascida das ondas do mar na ilha de Chipre, segundo a mitologia.  A deusa é impelida para a vida por Zéfiro (abraçado a uma ninfa) que representa o vento oeste na mitologia romana, alegoria da continuidade do mito. À direita, está a Deusa Primavera, à espera para cobri-la com um manto florido.

No centro da tela, Vênus faz um gesto pudico para ocultar a sua nudez, mas a luz ressalta sua beleza clássica e enfatiza suas curvas, assim como o cabelo que se enrola em seu corpo e encobre seu sexo. Para a época, a beleza seria um sinal visível de Deus, o que permitiria ao pintor, sem incorrer em blasfêmia, utilizar a mesma expressão facial para Vênus e para a Virgem Maria. Segundo divulgam, Boticelli era um homem "profundamente" religioso.  O simbolismo é mais forte do que uma possível censura do artista em sua concepção criativa.

Esse simbolismo mostrou-se também em diversidade, fosse em ritos agrários, nupciais ou fúnebres. Conchas e pérolas asseguram desde boas colheitas, um casamento fecundo até uma morte preparada para o renascimento, A segunda imagem “O Batismo de Cristo”, pintado por Leonardo Da Vinci, ainda aluno de Verrochio, simboliza a purificação do corpo pelas águas, o arquétipo da vida. Sem detalhar essas pinturas, o foco é evidenciar o imaginário e mostrar o simbolismo das conchas como um índice motivador para a Arte, para a religião e para a vida. No caso, a concha de água que João Batista derrama sobre o corpo nu do Cristo atrai o Espírito Santo, simbolizada na figura de uma pomba, ou seja, o poder de Deus sobre o batismo humano e sua conexão com o divino.


       Fig. 2. Batismo de Cristo (1470) Leonardo Da Vinci e Verrochio óleo sobre tela) 
Entretanto, o que mais me chamou a atenção na leitura desse capítulo IV foi um certo tom desgostoso, assim me pareceu, do pesquisador Mircea Eliade, ao destacar “a degradação ininterrupta do simbolismo” (p. 124). A Figura 3, a seguir, da apresentadora televisa Ana Maria Braga, com essa espécie de fantasia toda trabalhada em conchas, búzios e correntes de pérolas, miçangas falsas, se destaca compondo um efeito decorativo no conjunto. Mas, acredito, interpretações são polissêmicas e essa famosa mulher pode ter usado como proteção para sua saúde, resgatando seu poder mágico primordial, já que ela teve câncer, e quer se mostrar sempre viva, bela e atuante...

                                                    Fig. 3. Apresentadora de TV Ana Maria Braga (imagem pública retirada do Facebook) 2024.

Mircea Eliade observa: “A pérola, antigamente emblema da força geradora ou símbolo de uma realidade transcendental, conservou no Ocidente apenas o valor de “pedra preciosa” (p. 124). Não concordo muito com essa afirmação, pois as conchas e as pérolas ainda carregam variantes de seu simbolismo e de sua atração mística.

Lembro que, em sentido figurado, a pérola virou um clichê e alargou seu significado. A partir do discurso bíblico, no Evangelho de Mateus, encontramos duas referências que, no imaginário cristão, ficam poderosas de sentido. Mateus 13:44-46, uma parábola de Jesus que associa o reino dos céus a uma pérola e em Mateus 7:6 "Não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem.” Na hermenêutica bíblica, a pérola representa a sabedoria divina, a pureza e a perfeição. Ela é mencionada como um símbolo do Reino dos Céus e da salvação.

Também encontramos variantes do simbolismo da pérola (e conchas) em diferentes credos, preservando seu significado primordial “na crença de suas virtudes mágicas” como o espiritismo, o tarô, a numerologia, o horóscopo, os signos, o candomblé, a umbanda e a espiritualidade em geral.

Fig. 4. Escultura de Iemanjá em Sepetiba, cidade do estado do Rio de Janeiro. Todo ano, no dia 2 de fevereiro, é realizada no local uma grande festa em honra da divindade de matriz africana, considerada a protetora da pesca e mãe de todos os orixás.

Em nossa cultura miscigenada, Iemanjá, divindade africana, a grande mãe negra, aparece na maioria de suas imagens como branca, mas não deixa de representar seu poder das águas, aquela que nos protege e prepara para a vida. Para os iorubás, ela é a divindade dos rios. Segundo pesquisa, essa transposição para os mares é resultado do movimento de diáspora quando, já nos chamados navios negreiros, a ela continuaram recorrendo os "seus filhos".  Mesmo que tenha outros nomes e a devoção apareça em vários lugares, ela faz parte do imaginário brasileiro, não resta dúvidas.

 Na linguagem contemporânea, a pérola é usada tanto para o elogio, como para a ironia. Exemplos: fulano se expressou com uma “pérola” de criatividade ou “as pérolas” das redações dos vestibulares, mostrando absurdos interpretativos, apontam para essa associação. Em nosso mundo social, o uso de joias incrustadas em pérolas, carregam uma conotação de “classe”, de bom gosto, mais do que exibicionismo de riqueza.

Em seu livro, Mircea Eliade cita exemplos nas mais variadas culturas de como esse simbolismo também foi associado ao mágico religioso, inclusive em relação conjunta aos ciclos da lua. E destaca o simbolismo da fecundidade. Mais do que a origem aquática e o simbolismo lunar das ostras e dos mariscos, sua semelhança com a vulva contribuiu muito provavelmente para propagar a crença nas suas virtudes mágicas” (p.127)

  

 

                                                                    Fig. 5. À esquerda, conchas ou búzios, vendidos para confecção de ornamentos em pulseiras, colares, também usados pelos guias nas religiões de matriz africana, inclusive no jogo adivinhatório. À direita, uma ostra com uma pérola nascida de seu interior, resultado de uma reação natural do molusco contra invasores externos, como certos parasitas que procuram reproduzir-se em seu interior. Daí a expressão “ostra feliz não faz pérola” e seu sentido de ensinamento para a vida.

Na página 127, em um dos múltiplos exemplos, Mircea Eliade destaca a identificação da concha com o órgão genital feminino e associa que também mariscos e ostras participam dos (...) “poderes mágicos da matriz. Nelas estão presentes e exercem as forças criadoras que jorram, como uma fonte inesgotável de todo emblema do princípio feminino.” Portanto, continua a observação: “usar sobre a pele, como amuleto ou como ornamento, (...) impregna a mulher de uma energia favorável à feminilidade, ao mesmo tempo em que a preserva das forças nocivas e do mau agouro.” Não teria sido essa a motivação involuntária da fantasia usada por Ana Maria Braga?

Em outro destaque, “Funções rituais das conchas”, ele observa “A partir disso, explica-se facilmente pelo mesmo simbolismo a presença de mariscos, ostras e pérolas em inúmeros ritos religiosos, nas cerimônias agrárias e iniciáticas. (...) A força representada por um símbolo da fertilidade manifesta-se em todos os níveis cósmicos.” (p. 131) “As cerimônias de iniciação compreendem uma morte e uma ressurreição simbólicas; a concha pode significar o ato do renascimento espiritual (ressurreição) com tanta eficácia que ela assegura e facilita o nascimento carnal.” (p. 132)

Mircea Eliade também se refere “A virtude sagrada das conchas se transmite tanto à sua imagem como aos motivos decorativos que têm a espiral como elemento essencial” (p. 141). E nos dirigimos a outras relações, tendo a espiral uma referência orgânica da própria vida em seu perpétuo movimento de evolução. 


Fig. 6. Náutilo, concha marinha onde a espiral está perfeitamente visível e serve como exemplo tanto para a evolução espiritual como uma demonstração perfeita do algoritmo para a sequência de Fibonacci e a proporção áurea.

Isso foi um adendo ao capítulo de Mircea Eliade, pois ele apenas cita a “polivalência simbólica da espiral, suas relações com a Lua, o relâmpago, as águas, a fecundidade, o nascimento, a vida no além.” (p. 142)

Na parte final de suas observações, Eliade vai destacar novamente a pérola, na magia e na medicina, o mito simbólico que se perpetua, mesmo em suas modificações temporais e em seu uso. E reitera: “A história da pérola é mais um testemunho do fenômeno de degradação de um sentido metafísico inicial. O que num dado momento foi símbolo cosmológico, objeto rico em forças sagradas benéficas, torna-se, com o tempo, um elemento de ornamentação, do qual se apreciam as qualidades estéticas e o valor econômico.” (p. 143)

Destaca, no entanto, que o papel da pérola na medicina em tantas civilizações diferentes (após ter dado muitos exemplos em citações e notas de rodapé) “apenas sucedeu a importância que ela teve anteriormente na religião e na magia. Por ter sido emblema da força aquática e geradora, a pérola tornou-se – numa época posterior – tônico geral, afrodisíaco e ao mesmo tempo remédio contra a loucura e a melancolia, duas doenças de influência lunar, logo sensíveis à ação de todo emblema da Mulher, da Água, do Erotismo.” (p. 144) Lembro de uma passagem de um dos livros de Jorge Amado (mas não me recordo de qual!) em que o personagem pensa e antevê sua amante nua, sensualíssima, usando apenas um colar de pérolas...

Há um conto de Lygia Fagundes Teles, com o nome “As Pérolas”, no livro “Antes do Baile Verde” em que o colar de pérolas da esposa do personagem tem seu simbolismo agregado às memórias, aos ciúmes que a recordação lhe provoca. A associação é feita com o “sofrimento” da ostra, invadida por algo nocivo, que produz camadas de nácar para proteger seu corpo indefeso e o resultado é a preciosa pérola. “Uma ostra que não foi ferida, de algum modo, não produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada...” uma lição de vida trabalhada por Rubens Alves em um de seus livros mais conhecidos. Evidentemente que muitas outras referências podem ser encontradas, seja na literatura, na filosofia, na pintura, evidenciando seu caráter metafórico ou exemplar.

Elisabet Gonçalves Moreira - Petrolina, 4 de abril de 2024

 

ALVES, Rubem. Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Planeta, 2021.

ELIADE, Mircea. Imagens e Símbolos. Ensaios sobre o simbolismo mágico-religioso. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

https://guiadoestudante.abril.com.br/dica-cultural/o-nascimento-de-venus-analise-da-obra-de-sandro-botticelli

https://www.bbc.com/portuguese/articles/Iemanjá, a divindade africana que ganhou feição branca no Brasil

 


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

AMARRAS DO IMAGINÁRIO: O CADARÇO CÓSMICO

 


"Em verdade vos digo:  Tudo o que ligardes sobre a terra será ligado também no céu, e tudo o que desatardes sobre a terra, será desatado também no céu.”

                                                                                       (Bíblia, Mateus: 18:18)

“O homem é amarrado a teias de significado que ele mesmo teceu.”  

                                                                               Max Weber (citado por GEERTZ, Clifford)

Ao ler Mircea Eliade, Imagens e Símbolos (São Paulo: Martins Fontes, 1996) e ter sido convocada a apresentar o capítulo III “O “Deus Amarrador” e o Simbolismo dos Nós”[1] para um grupo de pesquisa de estudos do Imaginário, do qual faço parte, me senti motivada a pesquisar o assunto, em mais relações e significados que transitam pelo imaginário coletivo.

A referência a um “deus amarrador”, Varuna, na mitologia védica indiana, imediatamente me trouxe também a lembrança da “Nossa Senhora Desatadora de Nós”, que ouvira há algum tempo e me chamara a atenção pelo inusitado. Sabemos que existem centenas de nomes e atribuições à mãe de Jesus, dentro da teologia cristã, mas essa titulação é realmente insólita, assim me parece. No entanto, o texto de Eliade mostrou o quão pertinente ela pode ser, reproduzida como um arquétipo, um paradigma que atravessa a história, como imagem e símbolo.

Não pretendo fazer um resumo pari passu do capítulo de Eliade, mas, a partir da imagem desse “deus amarrador” ou “ligador”, construir um paralelo entre essas duas referências e sua simbologia, que não deixa de ser também uma visão semiótica na leitura desses signos, passível, é claro, de observações, complementações e discordâncias.

No mito do “Deus Amarrador”, Varuna, Eliade mostra que, dentre as atribuições desse deus soberano (Terrível) está a magia, por meio da qual ele combate os deuses guerreiros. Desse modo, Varuna consegue equilibrar o mundo. Como? Armas que se revelam, muitas vezes, sob a forma de um laço, do nó, seja ele concreto ou figurado. O deus guerreiro é Indra, ao contrário de Varuna, que salva as vítimas “amarradas” por Varuna, “desamarrando-as.” (Eliade, p. 90)

Estudos mostram que grande parte das culturas politeístas tem um deus considerado amarrador, que amarra, captura e imobiliza seus inimigos. Mas, geralmente, há também um deus “desamarrador”. Diversas culturas ligam as “amarras” a divindades nem sempre boas, demoníacas muitas vezes. Na ambivalência mítica, não há como deixar de relacionar Jesus, filho de Deus, e seu contraponto, o demônio, na eterna luta entre o Bem e o Mal. No evangelho bíblico de Marcos 5, 1-20, ele “liberta”, “solta” o endemoninhado ao exorcizá-lo, desprendendo-o das correntes e grilhões de Satanás.

Para entendermos o imaginário que se depreende não só desse mito, suas imagens e símbolos, precisamos acompanhar o rescaldo extraordinário do ser humano em suas inquietações espirituais. Apresento preliminarmente essas duas imagens, selecionadas no Google, para uma primeira - e ligeira – comparação visual.

                           

                       VARUNA - SENHOR DOS NÓS                            NOSSA SENHORA DESATADORA DE NÓS

Varuna é o “deus amarrador”. Um deus cósmico, original. Nessa escultura (sem data) no templo Rajarani em Orissa, Índia, vemos o fio (corda) que passa pelos seus dedos da mão esquerda, envolve seu corpo e fica atado no que parece um tronco de árvore. Sem dúvidas um deus majestoso, ladeado por belos ornamentos, característicos da arte indiana. A “corda” lembra uma serpente. Uma figura de mulher, diminuta, a seus pés, do lado esquerdo, segura o que parece ser uma concha, símbolo das águas e da fertilidade. Pode-se inferir sua posição de inferioridade e a devoção ao deus.

Nossa Senhora Desatadora de Nós se origina dessa pintura do artista alemão Johann Schmidtner, cujo original é de 1700. A pintura encontra-se na capela de St. Peter, em Augsburgo, na Alemanha. Uma Madona, representada como a invariante da Imaculada Conceição, cercada de anjos, iluminada pela pomba, signo visual do Espírito Santo, tem em suas mãos uma comprida fita branca cheia de nós, à esquerda, entregue por um anjo, e lisa, à direita, numa alegoria de que desatou esses nós. Observe a expressão facial desse anjo, como se nos dissesse: “Está vendo? Ela desatou os nós”. Sob seus pés está uma meia lua e uma serpente. Em sua cabeça tem 12 estrelas, lembrando o texto de Apocalipse 12.1 “Uma mulher vestida de sol, e a lua debaixo de seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça.” Uma rainha do céu e da terra. Nessa fita alegórica está evidente a polaridade “amarrador/desamarrador”.

Na pesquisa, fico sabendo que a inspiração para a criação do nome da “Nossa Senhora Desatadora de Nós” foi a frase de Santo Irineu, bispo de Lyon, no Século III: "Eva atou o nó da desgraça para o gênero humano; Maria por sua obediência o desatou". A oposição entre essas duas mulheres míticascomo muitas outras da própria Bíblia, putas e santas, estrutura a base ideológica da inferioridade da mulher, especialmente o aspecto subliminar de sua sexualidade. Somente Maria é a Virgem santificada. Ainda lembrar que a cobra, sob os pés da Madona, remete à história de Adão e Eva, ao pecado original, culpa e castigo, e ao simbolismo da serpente-princípio-do-mal, conexão que significa a origem de todos os males pela estreita relação entre a vida e o pecado. 

No quadro original, na parte debaixo da figura da Madona, há um anjo, um homem e um cachorro dirigindo-se a uma igreja. Li que este simbolismo parece ser uma referência ao livro de Tobias (6,13). No livro, Tobias enfrenta uma longa e penosa viagem procurando a cura de seu pai que ficara cego. Na viagem, ele conhece Sara que já tinha sido casada sete vezes, mas sempre na noite de núpcias, seus maridos morriam por causa de um demônio.

Através da oração, do jejum, da ajuda do Arcanjo Rafael e do poder de Deus, Tobias liberta Sara dessa maldição e casa-se com ela. Depois volta à casa de seu pai com um remédio que o Anjo Rafael lhe mandara fazer e o pai fica curado. Isto significa que para que dois corações venham a se encontrar, é preciso desatar primeiro os nós. E assim é a mensagem fundamental de Nossa Senhora Desatadora dos Nós para os cristãos.

Nesse desenho estilizado de Varuna, podemos observar melhor os detalhes de sua imagem e simbologia.  Sentado na postura de lótus (Padmasana) considerada um asana (ou postura) bastante avançada, preferida para meditação e para se entoar mantras. Uma postura que “permite” que você suba ao céu e ao mesmo tempo permaneça plantado no chão. O triângulo formado por ela simboliza conhecimento, vontade e ação, os fundamentos de uma prática da Yoga.

O deus se apresenta com fitas, laços e nós que envolvem seu colo e passam pela sua mão direita. Inclusive há várias linhas que o envolvem, como se fossem extensões do deus, até mesmo nos cabelos. Na mão esquerda segura uma concha, objeto de estudo do livro de Mircea Eliade, já que Varuna é também um deus lunar e aquático. O deus monta Makara, o monstro quimérico de características reptilianas. Makara é a matriz do caos, o não manifestado; por outro lado, ele gera o tempo no sentido da dissolução, a natureza cíclica. Varuna é, pois, aquele que dirige e põe ao seu serviço o plano material, não o destruindo, mas “domesticando-o”.

Ao atar um nó de forma concreta, física, a uma ideia, concepção, ou pensamento, estabelece-se uma conexão entre o nó (físico) e o pensamento do que se precisa ou se pede (mental). Rituais, sortilégios, superstições, crenças e tantas outras designações abrangem esse caráter mágico do poder da mente, principalmente ligados à doença e à morte.


“Amarre o nó” (2024), meok e acrílico sobre hanji. Moonassi. (Imagem compartilhada com permissão).    https://www.thisiscolossal.com/2024/02/moonassi-murmures/

Amarrar um barbante no dedo com um nó para não se esquecer de algo é (ou foi) um exemplo bastante comum dessa relação mágica e poderosa, assim como os “laços” no casamento para a união dos noivos. Hoje, ostentar pequenos laços coloridos implicam em campanhas de conscientização de saúde ou de cidadania. Múltiplos significados se avolumam em diferentes propósitos ou interpretações.

“Mas é justamente essa imprecisão e essa instabilidade que são interessantes do ponto de vista fenomenológico, pois elas desvendam a tendência das “formas” religiosas a se interpenetrarem e a absorverem umas às outras. Esta perspectiva dialética só pode ajudar a compreender os fenômenos religiosos e arcaicos.” (grifos meus, Eliade, página 98)

Mas não é isso que vai ocorrer com muitos fenômenos atuais como a devoção a “Nossa Senhora Desatadora dos Nós”?

A simbologia do “fio da vida” é de seu destino humano, tecido desde seu nascimento.  “Resulta daí que um simbolismo tão denso exprime duas coisas essenciais: por um lado, que, no Cosmos como na vida humana, tudo está ligado através de uma textura invisível: por outro, que certas divindades são as mestras desses “fios” que, em última análise, constituem uma vasta “amarração” cósmica.” (Eliade, p. 112)

Enfim, este assunto é inesgotável e um desafio para outros estudos. O tema dos laços tem incontáveis variantes, seja na mitologia ou na iconografia, como imagem de enlaçamento ou como forma de arte ornamental sob a figura de nós, entrelaçados, fitas, cordões, redes e outras. No seu sentido mais geral, representam a ideia de ligar, sabendo-se, no entanto, que o fim último do ser humano é libertar-se dessas “amarras”.

 

O nó é, pois, um símbolo complexo que integra vários sentidos importantes, relacionados com a ideia central de conexão fechada. É nele que já reside o domínio das espirais. O signo do infinito ou 8 na horizontal constitui um entrelaçado, um nó, manifestação dessa infinitude e representa o conceito do que seria a eternidade, como algo que não tem um começo nem fim.


A partir de um ponto de vista religioso e místico, o símbolo do infinito pode ser interpretado como a junção do físico com o espiritual, num movimento eterno de nascimento e morte, luz e escuridão. 

“Essa ambivalência do “amarrar” (...) vem provavelmente do fato de que o homem reconhece nesse complexo uma espécie de arquétipo de sua própria situação no mundo.” (Eliade, p. 116, destaque feito pelo autor).

“O que parece mais certo é a tendência de qualquer “forma histórica” a aproximar-se o máximo possível de seu arquétipo, mesmo quando ele se realiza num plano secundário, insignificante: este fenômeno se verifica por toda a parte, ao longo da história religiosa da humanidade.” (Eliade, p. 119)

Inicialmente, a imagem de Nossa Senhora Desatadora de Nós fora criada figurativamente em um quadro, uma pintura, como vimos.  Com o tempo, foi construída uma estátua para ela e as imagens se multiplicaram.

Uma tia que conheci, velhinha e devota de Nossa Senhora Desatadora de Nós, deixou esta pequena imagem como herança para a filha do coração, em Recife, no final do século passado. Embora simples e modesta, a santinha traz os elementos fundamentais de sua decodificação, desde a fita entre os seus dedos, com os “nós” de um lado e sem nós do outro lado, ladeada por dois anjinhos, apoiada sobre “nuvens”, uma meia lua e a cobra, símbolo do pecado, vencida aos seus pés. Pequenos anjos seguram os dois lados de uma fita, querubins que lembram os anjinhos de Rafael (aliás compare com a pintura original), mas que simbolizam o seu papel de mediadores e auxiliares do milagre. Ela se equilibra sobre nuvens (ideia do celestial) e tem a seus pés uma meia lua e uma serpente enodada. A simbologia se confirma, ela tem o poder celestial que “amarra” o demônio na visão da serpente. As cores são importantes indícios de interpretação. O vermelho do vestido com contornos dourados é um símbolo de sua majestade e o azul do manto é o da pureza a ela atribuída, sua virgindade.

Ao lado, inseri outra imagem, visualmente mais bem apresentada, vendida em lojas de artigos religiosos e em vários sites, inclusive no popular Magazine Luiza.


                

De acordo com a explicação religiosa cristã, os “nós” são os problemas e dificuldades do nosso dia a dia. As orações, pedidos e promessas fazem parte desse lado da fé, acreditando que a Santa desate os nós de seus “aperreios”, inclusive os financeiros. No sistema capitalista em que vivemos, de custos e trocas, essa prática é comum, estendendo-se a outros santos católicos, mediadores da fé. Nesse caso, qualquer forma idealizada – variante – tende a se tornar universal, a reencontrar o arquétipo. Hierofania ou teofania, vive pela manifestação do sagrado. A fé que traz significado para a existência.

Para finalizar, trazer ao contexto o título desta apresentação, a ilustração e as epígrafes selecionadas, do ponto de vista geral, simbólico, como o religioso das escrituras bíblicas e a reflexão na própria filosofia. A cultura vista como uma teia de significações trançada pelo próprio homem ou, ainda, como um conjunto de estruturas de sentido. As amarras e tessituras nesse amálgama onde tentamos entender propósitos existenciais e responder ao fundamento de nossas vidas tão precárias.

Elisabet Gonçalves Moreira

Petrolina, fevereiro de 2024.

BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS DE CONSULTA

Bíblia Sagrada. São Paulo: Edições Paulinas, 1971.

ELIADE, Mircea. Imagens e Símbolos. São Paulo, Martins Fontes, 1996.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Antropologia social. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973. p.15

CIRLOT, Juan-Eduardo. Dicionário de símbolos. São Paulo: Editora Moraes, 1984.

Documentos eletrônicos, via web:

·         https://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_Desatadora_dos_N%C3%B3s

                              Acesso em 23 de outubro de 2023

·         https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-nossa-senhora-desatadora-dos-nos/35/102/

                     Acesso em 30 de outubro de 2023.

·         https://www.thisiscolossal.com/2024/02/moonassi-murmures/

               Acesso em 27 de fevereiro de 2024










[1] O livro citado, disponível em pdf, tem o mesmo título, mas em outra tradução, da COLEÇÃO Artes e Letras / Arcádia (Lisboa: Arcádia, 1979). Inclusive o capítulo III denomina-se - O «Deus Ligador» e o Simbolismo dos nós”.


             


domingo, 14 de janeiro de 2024

“Na lasca do mundo, no oco do nada e do nunca” Virgílio Siqueira

 

Virgílio Siqueira - “Poeta; e mais do que isso não quero ser” - foi homenageado em uma mesa acadêmica na UPE, Universidade de Pernambuco, na 3ª. Semana de Letras de Petrolina, em novembro de 2023, com o título “Uma poética ao sol e à chuva”. Convidada que fui, entre outros, apresentei esse trabalho.

 

Assumidamente poeta, Virgílio Siqueira é cioso do seu fazer, dessa lida com as palavras.

Sem dúvidas há muito a se dizer sobre a poesia de Virgílio, natural de Ouricuri, onde nasceu em 1956, e que fez de Petrolina seu lugar mais assente. Um bom poeta pernambucano, como o caracterizou Lourival Batista, o Louro do Pajeú, não confundido com seu xará, o Virgílio italiano.

 

Sabemos que a poesia brasileira contemporânea, de modo geral, está num plano de diálogo e de busca que incluem o sujeito e a maneira como ele se coloca diante do mundo, já que “aos atentos se revela inteira”, como ele diz em um de seus poemas. Ao mesmo tempo está inserida na busca pela criação e pela experiência estética, aliada à tradição e à linguagem.

 

Seu volumoso “Vaga-lumear”, uma reunião de mais de 500 poemas, entre outras obras, editado por ele mesmo, mostra o cuidado com a seleção, a montagem e o visual gráfico. Aliás, ele se “explica” nas três dezenas de páginas introdutórias, se justifica, se afirma... Dilemas existenciais sim, mas, sobretudo, coerência e ética em seu mister de poesia.

 

Observem essa foto das páginas 56 e 57, como exemplo preliminar desse cuidado gráfico e assim destacar a visualidade no branco da página, um índice de leitura.

 

“Vertigens e vestígios” (página 56), simbolicamente metáforas do sertão em “chamas” e em “chuva”. “Vale-tudo” (página 57) um libelo de xingamentos contra o poeta “fedido”, crítico feroz desses que arrotam poesia como se poetas fossem... Não sei se esse “desabafo” foi contra alguém específico, mas ele “perde a paciência” ... entendemos!




 Já este “Pão-de-Açúcar” está óbvio no formato...



Aqui destaco dois versos porque neles reconhecemos o olhar do poeta “Leveza bruta de paisagem que aos atentos se revela inteira/sem que se revelem aos não eleitos, os seus claros encantos...” E assim possamos acompanhar seu discurso poético.

Entretanto, Virgílio faz um alerta nesses versos, que até me fizeram repensar a participação em mesa acadêmica, aceita porque validada pelo apreço ao poeta local.

 

“O livro de minha vida pode ser aberto

  Lido e relido; revolvido e reavaliado

  É dentro dele que eu estou guardado

  E, dentro dele, secretamente liberto

 

  Levo e lavro a minha vida assim

   E devo ter vivido, naturalmente

    Meus momentos controversos

 

Mas, se quiserem mesmo saber de mim

   Dissequem meus versos”


                                   (in “Vida, minha vida”, página 479, do livro Vaga-lumear)

 

Que anatomia teriam os versos onde o poeta pede para dissecá-los? Provocações metalinguísticas perpassam seus poemas. Fica o desafio... sua extensa produção, num poeta vivo e atuante, tão próximo de nós, precisa ser mais divulgada, trabalhada, fruída.

 

Então, em minha especialidade, vou tentar “dissecar” um poema de Virgílio, escolha difícil, mas que me tocou como poesia em primeiro plano. Nos vários sonetos em que se expõe, este me segurou e prendeu...

 

Sem fuga

 

Da faca não foge o fio

Nem foge o rio do leito

O amor não foge do peito

Nem a vergonha do brio

 

A tristeza do sombrio

A inveja do despeito

A frieza do suspeito

Nem a vileza do ardil

 

O eco não foge do grito

Nem a aflição do aflito

Nem o martírio da cruz

 

Crápula não foge do escuso

Nem equívoco de confuso

E nem o lume da luz

 

    (página 232 de Vaga-Lumear)

 

 

E tem música, como me avisou Virgílio, em tempo... https://www.youtube.com/watch?v=YCezR0Td8ZM


Um soneto bem construído, 2 quartetos e 2 tercetos, redondilha maior, ou seja, versos de 7 sílabas poéticas, rimas no esquema abba nos quartetos; ccd eed nos tercetos, com efeitos sonoros de aliterações que intensificam o ritmo poético da versificação.

 

A negação, explicitada e repetida pelo advérbio não, afirma o que nega, um paradoxo que estranha o discurso poético e nos prende a ele. Isso é poesia, isso é literatura. Se “Da faca não foge o fio”, significa, óbvio, que o fio faz parte da faca... Ah, e nesse caso, a gente lembra de João Cabral de Melo Neto, quando diz “uma faca só lâmina” ...

As aliterações reforçam o ritmo nesses sons de fe (faca foge fio). Essa não fuga que foi alardeada desde o título, também negativa, sem fuga.

Já no segundo verso aparece outra palavra que aumenta o significado da negação: nem, que se repete sete vezes no poema. Nesse caso, analisando morfologicamente, a palavra nem funciona no contexto como uma conjunção aditiva se observarmos sua correlação de sentido com o não explicitado. “Da faca não foge o fio/nem foge o rio do leito”.  E no último verso, temos explicitamente a conjunção aditiva e acompanhando nem “E nem o lume da luz”.

Interessante notar que o verbo fugir, na sua forma do presente do indicativo foge, está implícita logo após o nem. Reiterado nos três primeiros versos, ele se “oculta” nos outros, com exceção do nono e do 13º. Há certa ambiguidade morfológica e sintática que evidenciam procedimentos e desafios para o leitor atento.

Além disso, o poeta trabalha símbolos e imagens em uma sequência de constatações da nossa realidade, de causas e consequências que nos constituem humanamente, incluindo aí nossas vilezas. Sem a possibilidade de fuga, o poeta encerra com “Crápula não foge do escuso/Nem equívoco de confuso/e nem o lume da luz.”

Aqui aparecem duas palavras que chamam a atenção, pela pronúncia e pela colocação: “crápula” e “equívoco”. Nas relações feitas durante o poema há um tom filosófico de condenação nessas atitudes antiéticas, uma postura ideológica do caráter de um indivíduo do qual não há fuga. Mas o último verso se ilumina. Sempre haverá um discernimento luminoso. Talvez a esperança que não se apagará.

Virgílio Siqueira, finalizando: o sertão é seu lugar definido, mas o mundo o atrai em paisagens e pessoas... um Dom Quixote metafórico no que lhe toca de injustiça e de impotência social. Sem falar de sua sensualidade desmedida, cinco sentidos visíveis, musicalizados, intertextos e referências em labirintos e vozes que ressoam...

 

“Na lasca do mundo, no oco do nada e do nunca” (destacado na página 513) tomei como título desse trabalho. A escolha das palavras pelo poeta se faz na caracterização quase niilista do seu fazer e do seu lugar, mas que se combinam nessa referência de um espaço muito maior da sua poesia.

Para sempre, obrigada Virgílio.

Elisabet Gonçalves Moreira

Petrolina, novembro de 2023.

https://www.instagram.com/virgiliobsiqueira/


 


quinta-feira, 9 de novembro de 2023

MARCAS DE FERRAR - FINALIZAÇÃO

 Depois de quase um ano apresentando partes de meu trabalho de pesquisa sobre ferros de marcar/signos do sertão e de outras geografias, finalizo com a bibliografia geral utilizada, referências via web e uma amostragem de outros ferros de marcar boi, de minha coleção particular. Fotos de Sílvia Nonata.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, José de. O Sertanejo. São Paulo: Edigraf, 1961.

A Magia dos Simbolos, O Círculo, in Homem Mito & Magia. São Paulo: Ed. Três, 1974, vol. I, p. 140/141.

 BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004, p. 10.

BARROSO, Gustavo. Terra de Sol – Natureza e Costumes do Norte. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2003. 

BOGGIANI, Guido. Os Caduveos. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1975, p.229.

CASCUDO, Luís da Câmara. Vaqueiros e Cantadores. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1984, p. 106.

 

Diccionario dos Synonymos  Poetico e de Epithetos da Lingua Portuguesa por J.I. Roquete e José da Fonseca - Librarias Aillaud e Bertrand, Paris-Lisboa, Paris, 30 de janeiro de 1848.

 

DOYLE, Conan, O Vale do Terror. São Paulo: Melhoramentos, 1982.

 

GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas, Sinais. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

 

GOMES, Laurentino. Escravidão – volume I – Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019.

 

JULIO, Silvio. Terra e Povo do Ceará. 2ª ed. Rio de Janeiro, Revista Continente Editorial Ltda, 1978.

 

KOSTER, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. Vol. 1. 12ª ed. Rio-São Paulo-Fortaleza: ABC Editora, 2003.

 

LOPES, Edward, Fundamentos da Linguística Contemporânea. São Paulo: Cultrix, 1976, p. 17.

 

LOPES, Esmeraldo. Caatingueiros e Caatinga: a agonia de uma cultura. Maceió: Gráfica Grafiptel, 2012. 534p.il.

 

LOTMAN, Iúri M., "Sobre o Problema da Tipologia da Cultura" in Semiótica Russa, São Paulo: Perspectiva, 79, p.32

 

PEIRCE, C.Sanders, Semiótica. S. Paulo: Perspectiva, 1977, p. 46.

 

PIGNATARI, Décio, Semiótica da Arte e da Arquitetura. São Paulo: Cultrix, 1981, p.90.

 

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 120ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2013, p. 9.

 

ROSA, J. Guimarães, A Hora e a Vez de Augusto Matraga in Sagarana. Rio: José 0lympio, 1976, p.335.

 

SUASSUNA, Ariano, Romance D'A PEDRA DO REINO e Príncipe do Sangue do Vai-E-Volta. Rio: José 0lympio,76, p.294.

 

Manuscrito:

Livro de Registro de "ferros, marcas e signaes" da Villa de Petrolina, dos anos de 1872 e 1873. Obs.: Encontrei esse livro na Biblioteca Municipal da agora cidade de Petrolina no início dos anos 80. Foi levado de lá e não devolvido. Uma cópia xerográfica ainda pode ser consultada no Museu do Sertão de Petrolina, PE.

 

DOCUMENTOS DE ACESSO ELETRÔNICO (via Internet)

 

https://teologiabrasileira.com.br/o-numero-da-besta-um-estudo-introdutorio-em-apocalipse-13-16-18 - (Acesso em 26/01/23)

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nebamun_Supervising_Estate_Activities,_Tomb_of_Nebamun_MET_DT11772_detail-7.jpg . Nota: Detentor dos direitos autorais da ilustração: https://creativecommons.org/publicdomain/zero/1.0/   (Acesso em agosto 2022) 

https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-4854-21-outubro-1942-414867-publicacaooriginal-1-pe.html (Acesso em 25/01/23)

https://victorgurjao.jusbrasil.com.br/artigos/207694906/posse-conceito-teorias-fundamentais-e-classificacao (Acesso em 25/01/23)

https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/camaras-municipais-1.htm (Acesso em agosto 2022)

https://medium.com/@Gil.Dicelli/sertao-a-ferro-e-fogo-  

Também disponível em: http://especiais.opovo.com.br/sertaoaferroefogo.  (Acesso em setembro 2022)

https://www.hypeness.com.br/2021/11/documentos-comprovam-que-suastica-nazista-era-usada-para-marcar-gado-no-para/ (Acesso em 16/06/22)

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cattle_brands_in_MItchell_County,_TX_IMG_4547.JPG (Acesso em agosto 2022)

 http://www2.agricultura.rs.gov.br/uploads/1274814225MARCA_DE_REBANHO.pdf -  (Acesso em 19/01/23)

https://medium.com/@Gil.Dicelli/sertao-a-ferro-e-fogo-fa306342c22e. (Acesso em 20/01/23)

 

https://www.mfrural.com.br/detalhe/1122/marcadores-de-gado-em-aco-inoxidavel (Acesso em janeiro 2023)

https://slowfoodbrasil.org.br/arca_do_gosto/gado-curraleiro-pe-duro/ (Acesso em 24/1/23)

A estética armorial dos ferros-de-marcar na obra de Ariano Suassuna e Manuel Dantas, de Daniella Carneiro Libânio de Almada in https://www.pluralpluriel.org/index.php/revue/article/view/131   nº 17 – 2017 - Acesso em 21/07/2022 

Sob os signos das boiadas: as marcas de ferrar gado que povoam o sertão paraibano - Dissertação da autoria de Daniella Lira Nogueira Paes –  http://portal.iphan.gov.br – Acesso em 30/5/22

 Vídeos:

·         https://www.youtube.com/watch?v=khm0c70-RFU - Marcadores personalizados em aço inox - Marca para Gado e Cavalo personalizadas em aço inox Ferrador   (Acesso em janeiro 2023)


ANEXO

Ferros de marcar boi – Região do vale do São Francisco

Parte da coleção de Elisabet G. Moreira  -   Fotos de Sílvia Nonata

 















Observação: ferros de pequenos proprietários, já sem uso. Sem identificação do proprietário.  Usados no final do século XIX e primeira metade do século XX.

 








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