Por estes dias, participando de um seminário de estudos
sobre a Teoria do Imaginário, apresentamos um breve slide sobre a
questão do tempo, um resumo a partir de Mircea Eliade (1907-1986)[1]
em que a noção de illud tempus (o espaço-tempo-primordial onde se situa
o ato fundador original...) “deriva
estreitamente da noção de sincronicidade junguiana.” Assim, o tempo do
mito é um tempo “total”, onde está a “essência do sagrado”. Há um feedback
entre o “tempo do mito” e o “tempo da história.”
O sentido está na relação, na complexidade, e não na mera sucessão
diacrônica. Parece complicado, talvez seja mesmo... mas a gente embrenha,
aprofunda, impulsiona...
O conceito ou a essência em que se justifica, ou em que se
move a sincronicidade, vem me desafiando e não é de hoje. E, na síntese
dos estudos, encontro a figura referência da espiral, descartando o mito
do tempo como de “eterno retorno”, um círculo: “...para ficarmos nas figuras
geométricas, seria mais uma leitura espiralada (...) Espiralado,
ele “repassa”, mas em outro nível, e não tem nada de repetitivo”.
Assim, surge a imagem metafórica e polissêmica de uma
espiral e há várias maneiras de a vermos. Num primeiro momento, peguei esta foto, um incenso espiralado.
A espiral é um símbolo de evolução e de movimento ascendente
e progressivo, normalmente positivo, auspicioso e construtivo, sobretudo na sua
forma. Enquanto plana, a espiral pode ter associado o movimento de evolução e
de involução. Na sua versão de espiral dupla, traduz o todo, a união dos
contrários, o nascimento e a morte.
A forma da espiral é encontrada em todas as culturas e
traduz um movimento ascendente de evolução a partir de um ponto inicial, o que
pode até ser associado com a própria progressão da existência. Assim como a
vida, a espiral helicoidal projeta-se para o infinito e aparentemente não tem
fim.
A espiral é, pois,
a imagem que, para mim (e no texto dado) mais completa a ideia da
sincronicidade, do tempo mítico e existencial. No entanto, nestes
estudos, me deparo com uma imagem que, quase epifânica, mais iluminou do que
ilustrou esse jogo complexo e desafiador.[2]
“Wonder” (“Maravilha”)
escultura do artista Tom Lawton
https://www.thisiscolossal.com/2022/10/tom-lawton-wonder-sculpture/
No link dado, vocês podem obter mais imagens e explicações.
De todo modo, coloco algumas aqui. E mais este link da página do autor https://beuplifted.co.uk/
“Em cima de um toca-discos de alumínio, uma escultura em
espiral do artista britânico Tom Lawton traduz um conceito matemático simples em
uma dança hipnótica. “ Maravilha ” ou “Wonder” em inglês é um trabalho de
cobre elegante de torções arredondadas baseado nem uma forma circular com um
buraco no meio. O design de Lawton gira em torno de um eixo central imaginado,
criando um movimento orgânico contínuo impulsionado por um motor elétrico. “Wonder”
é composto por uma única estrutura autoportante em forma de fita, feita em
metal precioso, que parece fluir como água enquanto espirala para cima e para
baixo, expandindo para fora e contraindo. Como um círculo em espiral. Como
uma roda dentro de uma roda. Wonder
é uma escultura em movimento meditativa que mostra como tudo está
interconectado. (grifos
meus).
Retomando ditos e escritos: “O mito irriga a história, ele
dá um sentido, uma estrutura, ao que seria apenas uma acumulação insignificante
de eventos (...) E assim como o mito irriga a história, a história dá uma
carne, um corpo, uma respiração ao mito, que se encarna e que se deixa ver nela
(...) Em movimento contínuo, ligado ao vivente, por meio da dialética da
hierofania, o profano se transforma em sagrado, e a dessacralização retransforma
o sagrado em profano.” (Rocha Pitta, p. 56)
Outras falas poderiam vir, mas finalizar lembrando que os ritos
- ou a literatura ou a arte - são capazes de nos iniciar nestes mistérios...
Assim, como a leitura de uma imagem - a espiral - pode nos iluminar nesta fugaz
compreensão da sincronicidade – tempo mítico e simbólico do passado, presente e
futuro - e de nós mesmos, viventes.
...oooOooo..
[1]
Rocha Pitta, Danielle Perin. Iniciação à teoria do imaginário de
Gilbert Durand/, 2ª ed. Curitiba: CRV, 2017, p. 54-62.
[2]
Esclarecendo: recebo, quase cotidianamente, postagens do sítio (site) www.thisis.colossal. “Colossal” é um blog
de arte e cultura visual fundado por Christopher Jobson, editor de Chicago e
abrange tópicos que vão desde arte, design e fotografia até aspectos visuais da
ciência e criatividade geral.
...oooOooo...
Referência bibliográfica:
Rocha Pitta, Danielle Perin. Iniciação à teoria do imaginário de
Gilbert Durand. 2ª ed. Curitiba: CRV, 2017
Elisabet G. Moreira
Petrolina, 31/10/22
Algumas pessoas têm reclamado que não estão conseguindo postar comentários aqui... tentei viabilizar isso em configurações. Assim, por favor, quando quiserem, façam o teste e... comentem... Muito obrigada.
ResponderExcluirWow! I am very happy to read this. ऑनलाइन सट्टेबाजी साइट
ResponderExcluirThank you so much...
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