Bet com t mudo

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BET COM T MUDO... Quem me conhece, reconhece? Já me imagino receptora deste blog. Quem é esta mulher? Quem é esta Eli, Elisa, Betina, Betuska, Betî, resumida numa Bet com t mudo? Esta afirmação diminuta diz (ou desdiz?) uma identidade... Assim, quem sou eu? Sou (sim) uma idealizadora das pessoas, das relações, das amizades, das produções minhas e dos outros. Consequência: um sofrimento que perdura... na mulher crítica que procura saber e tomar consciência finalmente de quem é e do que ainda pode fazer (renascer?!) nesta fase da vida, um envelhecimento em caráter de antecipação do inevitável. Daí a justificativa do blog. Percorrer olhares, visualizar controvérsias, pôr e contrapor, depositar num receptor imaginário (despojá-lo do ideal, já que eu o sou!) uma escrita em que o discurso poderá trazer uma Bet com t falante... LEITURAS, ESCRITAS, SIGNATURAS...

terça-feira, 28 de maio de 2024

DESAFIOS DO IMAGINÁRIO (I)

 Criações a partir de textos e improvisações sobre o imaginário teórico me trazem de volta ao blog.  Uma ilustração acompanha, dialogando e/ou complementando.

A MEIO CAMINHO...

Solitária em seu destino de viajante humana, a mulher caminhou décadas e décadas, apostando em oferendas a que se obrigava. Esperando trocas, aplausos, assim vivia.

Entretanto, percebeu que suas oferendas nem sempre eram recebidas como esperava. Mesmo quando aprovada, idealizando plenitude, entendeu tarde dessa criação pelas bordas.

Egoísta, despachou humanas oferendas para longe de si, mais solitária em seu desejo de ser. Adornou-se como personagem de um jogo estático em seu avesso.

Cobriu-se de matizes vermelhos e laranjas, num semicerrar de olhos velados. Assim, não via o mundo e nem a si mesma, desengonçada em seu corpo rígido.

Sua bagagem era a do exagero, de tudo um pouco a sustentar sua inquietude.  Na diversidade de desafios, oscilava em ondas espiraladas.

Tentou ser árvore, pássaro, borboleta, mas lhe disseram a verdade da vida figurativa em cópias sucessivas, máscaras em que se auto representava.

Havia oferendas da noite nesse processo da viagem limite. Agradar a deusa (ela mesma) poderia compensar escolhas subjetivas, presos arbítrios na continuidade.

Houve um momento em que ela se ofereceu inteira. Rejeitada, sua crueldade transbordou no íntimo. E se manifestou em seu corpo, em juntas e dores tiranizando trajetos.

De todo modo, ela subsistia. Entendeu que a redenção é uma história para iniciados. Aguardando o final, outra deusa, sim, outra deusa mulher lhe falou da liberação possível.

Atender ao chamado do amor que subsiste como receita contra necessidades personalizadas de punição e ressentimento. Aplaudir sem vergonha o final do filme de que gostou.

E assim fez. O excesso de bagagem agora visto em outra dinâmica, a do prazer e inspiração.  Atirou longe o que se lhe afigurou desperdício de si mesma. Não era. Não foi. Abençoou-se.

Descaradamente, a criança interna se regozija e pode ser mais do que estar na espera do inevitável. Aprendendo a tingir de vermelho e seus matizes que acompanham o arrebol, continua viajante.