Bet com t mudo

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BET COM T MUDO... Quem me conhece, reconhece? Já me imagino receptora deste blog. Quem é esta mulher? Quem é esta Eli, Elisa, Betina, Betuska, Betî, resumida numa Bet com t mudo? Esta afirmação diminuta diz (ou desdiz?) uma identidade... Assim, quem sou eu? Sou (sim) uma idealizadora das pessoas, das relações, das amizades, das produções minhas e dos outros. Consequência: um sofrimento que perdura... na mulher crítica que procura saber e tomar consciência finalmente de quem é e do que ainda pode fazer (renascer?!) nesta fase da vida, um envelhecimento em caráter de antecipação do inevitável. Daí a justificativa do blog. Percorrer olhares, visualizar controvérsias, pôr e contrapor, depositar num receptor imaginário (despojá-lo do ideal, já que eu o sou!) uma escrita em que o discurso poderá trazer uma Bet com t falante... LEITURAS, ESCRITAS, SIGNATURAS...

domingo, 6 de outubro de 2019

UM POEMA OFICINEIRO


Maria Teodorina Evangelista dos Anjos

Maria viu a uva.

Aprendeu a ler.

Aprendeu que a uva do Ivo dava até no sertão.

Então Maria foi colher uva e não varrer o chão.

Maria Teodorina aprendeu que Deus dá o frio conforme o cobertor.

Por isso colheu crença nos evangelhos.

Acreditou na prosperidade e na mudança.

Maria Teodorina Evangelista se firmou.

Comprou celular e colocou sorrisos em selfies.

Foi feliz no pancadão dançando de shortinho.

Teve filhos aqui e ali, companheiros vão e vêm.



Conseguiu ser periferia e só...



Só não entendia por que os Anjos não a deixavam voar mais alto.

Então cortou as asas, os pulsos, e voltou a ser



Maria.






Vida Maria 
(2007 ‧ Curta-metragem/Animação ‧ 9 min - Márcio Ramos) 

4 comentários:

  1. Gostei da construção crescente da ideia: nasceu Maria, cresceu Maria Teodorina, firmou-se Maria Teodorina Evangelista e foi “podada” pelos Anjos. A questão é: o que se quis dizer nos intervalos desse nome completo? Ela não se contentou com o tamanho do cobertor, pois não morreu Maria Teodorina? Entendeu diferente o sentido de prosperidade (conseguiu só ser periferia), já que não morreu Maria Teodorina Evangelista? Constatou as “podas” (das pseudoasas), porque não morreu Maria Teodorina Evangelista dos Anjos? Uma analogia à Bíblia termina havendo no final (talvez meio distante nas palavras do texto)  “somos pó e ao pó voltaremos” ou nasceu Maria e como Maria morreu  e talvez possa se justificar: a ilusão de Teodorina e a de Evangelista se dissiparam e a desilusão das asas se sobressaiu, levando-a de volta a Maria. Acho que o nome dela sustenta essa analogia: Maria, clara alusão à Santíssima; Teodorina, Teo representando Deus; Evangelista, aquele que evangeliza; dos Anjos, que pertence aos anjos. O papel dos Anjos era levá-la de volta à Maria? A preposição indica origem, pertencimento, procedência. Assim sendo, ela deveria ser somente Maria dos Anjos;Teodorina e Evangelista apenas demarcariam suas buscas na vida. Mas em meio às especulações filosófico-religiosas, fica um mar de ideias. Ou também sobram ideologias? Ou não precisamos ir tão longe? Nossa santa impotência diante da poesia!!!! E pensar que, muitas vezes, ela nasce tão despretenciosamente !!?? Rsrsrs. Bacio.

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  2. Depois de Irene, comentar????
    Beijão, amiga.

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  3. Depois de Irene, comentar???
    Beijão, amiga.

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