Viagem à volta de mim mesma...
Transitando entre símbolos, mitos, alegorias, metáforas, fui
armazenando linguagens nas dobras de um inconsciente inquieto.
Signos em decifração, sempre interessada pelo conhecimento e
pelo fazer. Na espiral, entre descidas e ascensão, pude vislumbrar hiatos e
incongruências.
Nesse lugar nenhum onde o movimento nos lança para além do
real e da fantasia, dancei à beira do lago sagrado querendo nele mergulhar, me
segurando em suas faldas voláteis.
Sonho de uma noite de primavera, antecipei o outono. Tempo
passageiro como todos os tempos, acreditei na possibilidade da permanência.
Cronos não quis nem conversa. Estava muito distante e
entretido entretempos. Conversei com Einstein, aquele mesmo que desdobrou o
tempo.
Foi gentil, mas duro, tudo passa e retornará. Agora mesmo
vou ali e aqui, ontem, hoje, amanhã. Onde você se situa? Merda para todos esses
mitos que mais bagunçam do que me esclarecem.
Na literatura encontrei Próspero que me isolou na tempestade
mágica e me fez aguardar a calmaria. Apenas metáfora de uma espera onde o real se
confunde – e rima - com o imaginal.
Imagina eu? Queria o dom, o banho mágico para vislumbrar
além do visível. Então retornei a caminhos dantes navegados, resvalando nos
anelos de minha limitada espiral humana.
E pude acumular totens, na significação de tempos e
descobertas que se superpõem. Alegorias de mim mesma, continuo nessa jornada,
ainda ansiando a beatitude de todos os desfechos.
In illo tempore
Esclarecendo: o desenho é de minha autoria, como ilustração e referência de minha "jornada acumulativa" no curso sobre Imaginário. E usei, no topo, uma citação de Freud:
"O totem é, em primeiro lugar, o ancestral comum do clã, mas também seu espírito protetor e auxiliar."
E encontrei esse belíssimo poema de Léopold Senghor, ex-presidente do Senegal, O Totem. Seu manuscrito em francês, traduções em português, inglês, italiano e em espanhol.
Acredito que não esteja muito legível nesta foto, reproduzida acima. Portanto, vou colocar a versão em português.
(tradução de Gastão Gomes)E o original em francês: lembrando que o Senegal, África, foi colônia francesa.
LE TOTEM
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